terça-feira, 23 de março de 2010

Brasil, o país sem prioridades!


O Brasil esta semana parou. Que notícia está mais em evidência no início desta semana? O caso Isabela. O que chama a atenção é que o brasileiro continua atribuindo valor a coisas fúteis e desnecessárias a construção da cidadania brasileira. Tenho visto as pessoas bastante apreensivas com o andamento do julgamento do caso Isabela, os alunos, por exemplo, não falam noutra coisa. O que há de interessante neste caso que mobilizou a atenção do todos os brasileiros? Será que foi devido à gravidade do possível crime do pai e da madrasta de Isabela? Ou será um efeito causado pelo sensacionalismo da mídia brasileira. Volto a ressaltar, alguns estudiosos dizem que os meios de comunicação de massa (MCM) são o quarto poder. Na semana passada, uma passeata, mobilizou os cariocas contra o Projeto de Lei que defendia o repartimento igualitário das tarifas de extração do petróleo a todos os Estados da República Federativa do Brasil, os chamados royalties. O que chama ainda mais a atenção é que participaram desta mobilização pessoas denominadas celebridades, políticos do Rio de Janeiro e outros Estados e a população sofrida e carente do mesmo Estado. O que me leva a crer que como foi possível reunir pessoas de classes sociais tão distintas numa mobilização que defendia interesses dos políticos locais em ampliar ou mesmo manter a arrecadação e receita do Estado do Rio de Janeiro e Espírito Santo estável? Como isso foi possível? Será que a mídia tem alguma parcela de responsabilidade nisso? Não há dúvidas. Isso só reforça a teoria na qual o brasileiro é um ser que desvaloriza coisas mais relevantes para a sociedade. Por exemplo, porque as pessoas não fazem passeatas constantes em protestos à falta de segurança não só apenas do Rio de Janeiro, mas em todo o país? Porque os brasileiros não se mobilizam em reivindicar uma educação pública de maior qualidade? Porque os ditos cidadãos brasileiros não fazem protestos quanto à falta de médicos e postos de atendimento hospitalar? Porque os nossos irmãos não vão às ruas para cobrar punições igualitárias aos políticos corruptos que desviam verbas do erário público?

O que ocorre, infelizmente é o inverso. As coisas mais úteis e fundamentais a toda a sociedade brasileira fica ao relento, isso é culpa dos brasileiros ou será conseqüência de ações de outras pessoas que pretendem um abrandamento da índole e capacidade crítica da maioria dos brasileiros? Na semana passada, por exemplo, os alunos da Escola Estadual Corsina Braga estavam em disputa de pleito pela eleição da nova diretoria do Grêmio Estudantil, contudo, no momento da realização do debate entre as chapas concorrentes – que eram apenas duas – a maioria dos estudantes priorizaram a ida pra casa ante ver as propostas dos seus futuros representantes. Mais uma vez, a teoria de que o brasileiro é vítima de uma ideologia que pretende a letargia das pessoas pode ser confirmada.

As pessoas não conseguem perceber que estão sendo vítimas de enganação por propagandas falsas que são veiculadas diariamente. Voltando a passeata Pró royalties do Rio de Janeiro é interessante notar que os famosos foram às ruas, caminharam por quilômetros, levaram chuva, isso seria apenas uma manifestação da democracia brasileira? Ou aquelas pessoas foram contratadas por políticos que defendiam seus interesses? Basta lembrar que na época das eleições de governadores e Presidente da República, sempre pessoas famosas estão ao lado dos candidatos. Coincidência? Mero acaso? Puro exemplo de uma atitude democrática? Ou apenas exposição mediante um contrato firmado?

Não cabe a eu manifestar aqui a minha opinião sobre estes casos, o meu interesse é que as pessoas analisem estes fatos e acontecimentos rotineiros e saibam que a realidade é um pouco mais distante daquela veiculada pela mídia. Enquanto as pessoas assistem o caso Isabela, os professores do Estado de Pernambuco reivindicam um reajuste salarial que está sendo descompromissado pelo Governador Eduardo Campos. Contudo, esta notícia não é veiculada porque o Governo do Estado calou os três grandes jornais de circulação do Estado. Como isso foi possível? O Governo firmou um convênio com os jornais do Estado: Diário de Pernambuco, Jornal do Commércio e Folha concedendo assinaturas destes jornais aos 26 mil professores do Estado, porém, milhares de professores não recebem estes jornais. Esta notícia, por exemplo, não é veiculada. Ademais, qual destes jornais vai publicar denúncias contra o governador correndo o risco de perderem suas respectivas assinaturas e seus interesses pecuniários?

Cidadão é o indivíduo que goza de direitos e deveres assegurados pelo Estado, porém, como o brasileiro pode ser considerado um cidadão pleno se mal consegue priorizar ações benéficas e cruciais para toda a sociedade?

Reflita!

sábado, 20 de março de 2010

A cultura fomentada pela mídia e a globalização


Você possui cultura? Muitas pessoas acham que aquele que detém cultura é o ser culto, intelectual ou aquele que produz belos discursos. Isso não é verdade. Para muitos, cultura se refere a um nível educacional, sendo assim, culto é quem possui intelecto; inculto é aquele que não dispõe de uma inteligência básica (popular). Para a antropologia não existe o uso dos termos culto e inculto, pelo contrário, segundo os antropólogos não há culturas superiores e inferiores, existem variedades culturais. Desta maneira, fica mais fácil identificar que todo e qualquer ser vive e produz alguma variedade cultural. Por exemplo, um povo indígena é inferior culturalmente há uma sociedade urbana e tecnológica? Claro que não. Existem diferenças substanciais nessas duas organizações sociais, uma possui hábitos mais primários e tradicionais do que a outra, o que não transforma as pessoas que vivem nas cidades em seres majestosos, superiores ou mesmo soberbos. Deste modo, segundo Tylor (1871) Cultura [...] É aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade. Outro antropólogo, Herkovits (1948) define cultura como a parte do ambiente feita pelo homem. Apesar de estes conceitos terem sidos criados nos séculos XIX e XX os conceitos contemporâneos pouco diferem destes. Atualmente existem mais de 250 conceitos de cultura. Porém, a maioria deles são bem parecidos. O sociólogo Pedrinho Guareschi (2003) define que cultura é tudo o que o homem faz. [...] Assim, cultura é maneira de falar (língua), a maneira de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de rezar, de se comunicar etc.
Portanto, ser culto é realizar qualquer variedade de sua cultura. Nós brasileiros, por exemplo, temos o português como língua, uma culinária à base de feijão com arroz enquanto noutros países como os asiáticos a culinária é regada principalmente ao arroz.

Essa idéia difundida de que a cultura é de poucos é falsa e enganosa, é necessário que as pessoas se libertem desses grilhões ideológicos que são produzidos pela mídia e principalmente pela globalização. O fenômeno da globalização apareceu no final da década de 1980 com a abertura econômica da Rússia, sob o Governo de Mikhail Gorbachev que abriu as portas da nação socialista para o sistema capitalista. Outra evidência da disseminação da globalização e do capitalismo foi a queda do muro de Berlim, efeito que solapou definitivamente a ruína do sistema socialista em toda a Europa. Então o que aconteceu com a cultura após estas alterações sócio-econômicas? Com a expansão da globalização vários povos foram atingidos por essa onda migratória de outras culturas, sobretudo através da internet, a qual tornou as fronteiras e limites geográficos transponíveis. Sendo assim, a maioria dos povos e nações do planeta sofreu e sofre diariamente o fenômeno da aculturação – assimilação de elementos culturais de outros grupos sociais a partir do contato constante e regular entre as diversas culturas. Isso favoreceu a fraqueza de algumas culturas. Desta maneira

Quando essa cultura é destruída o povo fica desprotegido e facilmente pode ser dominado e até destruído. Todo povo se afirma como povo na media em que consegue produzir essa fortificação, que fica sendo a razão mesma de seu existir. Por isso se diz que a cultura é a alma dum povo. Povo sem cultura é povo sem alma, sem identidade. (GUARESCHI, 2003)

Com efeito, as ações desencadeadas pela globalização produziram uma destruição massiva das culturas espalhadas pelo mundo. Atualmente, todas as pessoas têm acesso a informações as mais diversas possíveis, contudo muitas dessas informações escondem ideologias capitalistas e mercantilistas de empresas multinacionais que desejam tornar todo e qualquer ser humano num mero consumidor em potencial. Hoje nosso planeta é dominado pela indústria cultural.  Mas o que é essa indústria cultural?

A partir da segunda Revolução Industrial no século XIX e da predominância das regras do mercado capitalista, as artes, a cultura e a mídia foram submetidas à ideologia da indústria cultural. Ou seja, os produtos de criação da cultura dos homens foram submetidos à idéia de consumo, como produtos fabricados em série. As obras de arte se transformam em meras mercadorias, produtos de consumo, onde a maioria dos bens artísticos NÃO são criados para a contemplação, para a busca do belo, e, sim, para obtenção de lucros. (OLIVEIRA; COSTA, 2007. Grifo meu)


Diversos autores apontam que na verdade existe um quarto poder, a mídia. Além dos poderes Legislativo, Judiciário e Executivo aparece o mais forte de todos, os meios de comunicação de massa (MCM). Essa hipótese se sustenta e pode ser considerada plausível e admissível. No cenário político, por exemplo, Vereadores, Prefeitos, Deputados Estaduais e Federais, Senadores, Governadores e demais parlamentares que são eleitos com freqüência, em geral, possuem algum meio de comunicação de massa: jornais impressos, rádios, revistas e principalmente, emissoras de TV. Esse aparato informativo tornasse numa ferramenta decisiva na formação da opinião pública. Quem assistiu ao documentário Muito Além do cidadão Kane, da BBC (1993), constatou que o poder da mídia é fortíssimo. Fernando Collor, por exemplo, foi uma campanha ardilosa de manipulação e alienação na qual a maioria dos brasileiros foram enganados pelas mensagens ocultas transmitidas pela Rede Globo. A Globo foi decisiva também na ascensão e queda do Regime Militar, boicotou por duas vezes a campanha de Lula, evitou que o grupo da Editora Abril fosse concedida uma licença de criação de uma nova emissora de TV, foi determinante na prática das discotecas no nosso país a partir das cenas exibidas pela novela Dancing Days, além disso, a Globo está entre as dez maiores emissoras de Televisão do planeta e tem uma cobertura nacional de 99,9% do território brasileiro. É muito domínio para apenas uma única emissora de TV, somado a tudo isso, diga-se que as Organizações Globo possuem 70% da receita em publicidade do país, possui jornais, revistas, editora, provedores de internet, uma TV por assinatura (SKY) e centenas de emissoras afiliadas espalhadas pelo Brasil.

A indústria cultural se manifesta dessa forma, os grandes empresários estão espalhados por toda parte, vendendo seus produtos através dos meios de comunicação massivos em detrimento da cultural local. Mas como se forma e expande a indústria cultural?

Quando se assiste a um filme, ou se vê uma novela, não é o roteiro, ou o enredo a única coisa a que se assiste ou se vê. Como pano de fundo está todo um conjunto cultural: um tipo de moradia, de decoração, uma maneira de comer, de vestir, de se relacionar, um tipo de carro, de casa, um tipo de diversão, em resumo, uma maneira diferente de se viver, isto é, um padrão cultural diferente. Esse pano de fundo é o que realmente fica na mente das pessoas e leva à mudança dos padrões culturais. É uma transmissão ou mudança de cultura que se dá quase inconscientemente. (GUARESCHI, 2003)

Com efeito, o fenômeno da globalização exporta costumes, hábitos e valores de outros lugares para fronteiras longínquas. Os brasileiros, por exemplo, ouvem numa estação de rádio com freqüência música americana, norueguesa, européia, asiática e etc. quando uma cantora ou cantor internacional realiza shows no Brasil os ingressos se esgotam em poucos dias, as pessoas tomam diariamente refrigerante americano, andam em carros americanos (Chevrolet, Ford), italianos (Fiat), Franceses (Peugeot, Renault), japoneses (Honda, Kia, Suzuki), alemães (Wolkswagen, Mercedez, BMW), nossos clubes de futebol vestem camisas confeccionas e desenhadas por empresas multinacionais: adidas e puma (alemãs), umbro (inglesa), lotto, diadora e kappa (italianas), reebok, nike e Wilson (americanas), nossa língua portuguesa sofre incrementos de palavras exógenas como pizza, hambúrguer, cheesebúrguer, web, cyber, download, MSN, Orkut,novas  Esses clubes perderam e perdem diariamente torcedores para equipes de outras regiões como o Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos, Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, Cruzeiro, Atlético MG e etc. esse é o autêntico fenômeno da indústria cultural. O que mais impressiona é que na medida que essas equipes exógenas são campeãs, no Nordeste, Norte e restante do país as pessoas realizam verdadeiras festas de comemoração a conquista de campeonatos. O mesmo não ocorre com os clubes locais! 

entre outras. Então, dá para notar que nossa cultura padece com o tempo, não há como resistir aos efeitos da globalização, principalmente, a partir dos meios de comunicação de massa. A cultura local deixa de lado suas canções e cultuam outras, as pessoas mudaram seus hábitos alimentares devido a propaganda de comidas, não existe no Brasil, infelizmente, um carro autêntico brasileiro, as pessoas perderam os valores familiares e afetivos devido ao uso com freqüência da internet, as vestimentas utilizadas por nós são cópias de tendências regadas à nova moda, os clubes locais perderam parte de sua torcida para os times do sul do país e também para equipes de outros países como: Real Madri, Barcelona, Manchester, Chelsea, Arsenal, Liverpol, Milan, Internazionale. Ainda ontem, no jornal da globo, passou uma matéria sobre torcedores do flamengo na Paraíba que foram as bares de João Pessoa assistir ao jogo. Isso não acontece com as equipes paraibanas como o Autoesporte, o Treze e o Campinense.

Mas, será que existe alguma maneira das pessoas evitarem os efeitos culturais impostos pela indústria cultural? Há sim. Para se evitar tais males é necessário que as pessoas evitem assistir TV com freqüência (o brasileiro assiste TV, em média, cinco horas por dia), ler livros comumente, debater com colegas sobre qual o interesse das propagandas que são veiculadas nos rádios, TV, jornais e revistas. Valorizar sua cultura de maneira proficiente, evitando-se assim, a alienação consumista que é a premissa crucial e fundamental dos meios de comunicação massivos e dos grandes empresários. Evitar os males causados pela indústria cultural, globalização e mídia é uma tarefa dificílima, mas existe um elixir capaz de sanar esse perigo eminente, a educação.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Exclusão religiosa


O Brasil é um país que se destaca hodiernamente no cenário nacional e internacional pela sua economia estável e forte. Além disso, o Brasil é reconhecido por outras culturas como o país do carnaval e futebol, como afirmou um jogador da Seleção da África do Sul que desembarcou no nosso território na segunda-feira. O Brasil também possui outras titulações nocivas a efígie dos brasileiros, país dos corruptos, da desigualdade social, segundo no mundo em má distribuição de renda e, principalmente, a nação dos preconceitos e da discriminação social. Uma forma de discriminação latente ou evidente praticada diariamente no nosso território é a exclusão religiosa. No Brasil, ser adepto de outra crença religiosa ou mesmo ser ateu, será vítima de manifestações preconceituosas. Nosso país é cristão, a maioria das pessoas segue a religião Católica Apostólica Romana ou são evangélicos, que em alguns casos, também são vítimas da maioria esmagadora dos Católicos. Os Evangélicos são comumente chamados pelos católicos de protestantes, essa definição é uma alcunha manifesta de discriminação religiosa. Esse preconceito é irrisório se comparado pelos ultrajes sofridos pelos negros que cultuam divindades africanas. Quando um negro estiver participando de algum ritual afro é denominado de catimbozeiro. Quem é prosélito da umbanda é praticante de vudu. Na verdade, os negros que seguem e cultuam suas divindades maternas africanas não realizam tais ritos com intenção de lançar feitiços, bruxarias ou qualquer cerimônia religiosa para fins maléficos. Isso é um preconceito que é cometido por aqueles que desconhecem a cultura afro. Quem já participou de um show de afoxé? Quem já viu uma cerimônia no terreiro? Quem já esteve numa cerimônia numa comunidade quilombola? As pessoas que participaram de tais rituais se encantam, além da beleza dos rituais, o expectador poderá desconstruir todos os estereótipos construídos por pessoas desinformadas e preconceituosas. As cerimônias mencionadas acima, não possuem a funcionalidade de fazer o mal as pessoas, mas é uma forma de manifestação religiosa, assim como que é católico e vai a Missa ou ao evangélico que vai ao culto.

Os adeptos da cultura afro são apenas algumas vítimas da ignorância, intolerância e preconceito religioso. Imaginem quem é muçulmano, judeu e espírita no Brasil o quão estas pessoas sofrem diariamente pela discriminação lhes auferida. Quem é muçulmano, em geral é terrorista; quem é judeu, possui a macula seguir a religião daqueles que condenaram e mataram Cristo; e quem é espírita acredita em entidades fantasmagóricas!
Essas práticas, evidentemente, não são comuns a todos brasileiros, mas infelizmente são muito freqüentes na nossa sociedade. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos está escrito:

Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania. (Artigo 2º; grifo meu)

Qualquer forma de discriminação, intolerância ou preconceito é condenada e considerada uma postura inaceitável internacionalmente. Esta Lei que foi proclamada em 1948 atinge a maioria dos países até então conhecidos, mas porque algumas pessoas são relutantes e intolerantes em alguns cultos religiosos diferentes dos seus? É uma pergunta difícil de se responder. Mas não impossível.

O calendário que a maioria dos países seguem é o calendário cristão. Este calendário foi formulado pelo Papa Gregório que em 1582 convocou um conjunto de astrônomos para ajustar o calendário definido pelo monge Dionísio. Já se passaram 428 anos desde a reforma gregoriana e alguns países, por isso, seguem os feriados definidos pela Igreja Católica. Mas o Estado não é laico? Sim. O Estado não deve seguir credo religioso algum, já que nem todos são iguais num mesmo Estado! Já pensou se todos seguissem a mesma religião? Onde estaria então a liberdade de pensar?

Minha preocupação é nesse sentido, a exclusão religiosa está se difundindo muito rápida e chegou às Escolas públicas. Como eu havia falado o Estado é laico, então a Escola também é laica! Em muitas escolas observa-se símbolos religiosos católicos em sua maioria em detrimento das demais religiões conhecidas e praticadas. Isso não devia ocorrer. Como as Escolas podem ser formadoras de cidadãos críticos se ferem um regimento Universal que é a liberdade religiosa e de culto? Quando não há aula devido a um feriado religioso, este feriado é católico. Como ficam os evangélicos, judeus, muçulmanos, espíritas e comunidades religiosas afro nesta situação? É isso que eu desejo mostrar, nosso país é um poço de exclusão religiosa. Imagine, por exemplo, um condenado por assalto que vai ao tribunal, ele deve realizar juramentos no livro cristão, a Bíblia. E se esse condenado fosse um muçulmano, espírita, quilombola ou judeu?
A lei que exalta a igualdade entre todos os seres humanos não é apenas internacional, na nossa Constituição de 1988 lê-se:

É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. (Artigo 5º; inciso VI; grifo meu)

Portanto, a liberdade de culto é aberta a todas as pessoas, desde que estas se sintam no seu direito de gozo religioso sem sofrer qualquer preconceito, discriminação ou intolerância por parte de outros. A maioria das religiões seguidas e cultuadas no Brasil é originária de outros continentes, não há uma religião puramente brasileira, sendo assim, se a religião que você cultua é exógena não há motivo algum para atos de repreensão.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Que é Filosofia?


Num bate papo de familiares, eu e meu pai, percebi que existe um grande paradoxo de gerações e compreensões do mundo no qual vivemos. Me pai havia me dito que a humanidade sofre uma grande “discórdia”, as pessoas não seguem mais a religião Católica como deveriam, existe muita descrença pela nova camada de jovens que forma a sociedade. Essa atitude do meu pai é compreensível. Dá década de 1950 aos tempos atuais jamais houve uma transformação equivalente em toda história da humanidade. Nos últimos cinqüenta anos os seres humanos vivem e respiram o maior processo mutável de toda a espécie humana. Revoluções tecnológicas, científicas, religiosas, políticas, econômicas, sociais e, principalmente, dos meios de comunicação de massa. Para voltar concisamente no tempo basta lembrar que na antiguidade os povos acreditavam apenas nos mitos, na Idade Média, havia mitos também, contudo, o domínio soberbo ficava nas mãos da Igreja Católica ou religião. Na Idade Moderna, surgem os primeiros esboços da ciência que impera de maneira majestosa até hoje. Mesmo assim, onde fica a filosofia neste caso?
Os seres humanos do mundo contemporâneo que habitam qualquer recanto do planeta recebem diariamente uma miríade de notícias, informações, definições, afirmações e conceitos diversos sem ao menos inquirir, duvidar, questionar, investigar as informações que lhe são repassadas diariamente, e isso não acontece apenas nos meios de comunicação, ocorrem também na família, no trabalho, no lazer, no encontro com amigos e etc.
Essa prática de conhecer as coisas de forma passiva é extremamente nociva e prejudicial a todo e qualquer cidadão. Assim como as informações são noticiadas e transmitidas essas informações podem trazer “ideologias” ocultas e interesses obscuros sobre a forma de informação. Esse é papel da filosofia. Sendo assim, filosofia é

A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido. Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”.  (CHAUÍ, 2000)

Essa é a prática que deveria ser comum e rotineira em todos os seres humanos, mas, na verdade isso não ocorre com freqüência. Por exemplo, um Professor de História lecionando uma aula sobre pré-história, uma notícia veiculada pelo Jornal Nacional ou mesmo Jornal da Record, uma informação dada pelo melhor amigo (a) e alguma familiar, tem algo em comum. A maioria dessas informações não são questionadas, investigadas ou mesmo postas em dúvidas, esse é o papel da filosofia.
Segundo o Filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. Filosofia é a desbanalização do banal, o que Paulo quer mostrar com sua conceituação é que as pessoas perderam ou estão acostumadas demais com as coisas comuns, cotidianas e óbvias sem ao menos desenvolver uma postura crítica.

A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto. (CHAUÍ, 2000)

Por isso muitas pessoas odeiam, não gostam e acham muito chata filosofia, mas talvez essas pessoas “ainda” continuam imersas no desconhecimento de seu mundo, de sua sociedade, de sua religião, de seu próprio habitat. Não devia acontecer dessa maneira, mas a informação precisa necessita de um pouco de filosofia para se concretizar numa forma mais plausível de se obter respostas para os questionamentos do dia-a-dia.
Para ser filósofo ou mesmo desenvolver a atitude filosófica é necessário cursar alguma graduação? De maneira alguma. Muitas pessoas pensam que pensar filosoficamente ou exercer uma efetiva prática filosófica é uma tarefa difícil. Pensar de maneira racional, prudente, premeditada, deliberada depende, exclusivamente, da vontade própria das pessoas. Não é tão difícil assim. Difícil é não tentar. Para desvelar os fenômenos naturais e humanos, obviamente, basta a realização de exercícios como, por exemplo, ler com freqüência, assistir pouca TV, debater fatos e acontecimentos com mais freqüência, ouvir vários pontos de vistas de um mesmo tema ou assunto, ouvir músicas degustativas e não depreciativas, acessar sites da web que os conteúdos sejam confiáveis. Além disso, aperfeiçoar a capacidade de atenção e concentração, sem isto, não será possível almejar conhecer as coisas.

Por definição, filosofia é o conhecimento do absoluto, ainda que se tenha a consciência de que o absoluto é inexaurível e todo nosso conhecimento dele, incompleto. Mas a filosofia possui outro caráter especial: ela é saber crítico. Dissemos que a filosofia não possui objeto específico. Devemos dizer ainda mais: ela refuta todos os objetos, põe em crise toda certeza preestabelecida, não aceita nenhum dado diante de si. Todo filósofo, exatamente por isso, sempre recomeça do princípio. (MORRA, 2001)

Para a filosofia: nada é absoluto, concreto, imutável, inquestionável, incompreendido, indiscutível, desmedido. O objeto da filosofia é incomensurável, tudo que há no mundo pode ser medido, questionado e investigado, esse é o papel crucial e fundamental da filosofia.